À procura do California Dreaming

Na última semana o sol brilhou sobre Berkeley. Ainda não alcançamos as temperaturas que eu imaginava que o verão da Califórnia teriam, mas foi o suficiente para eu colocar biquini e me arriscar no rooftop do meu prédio. No primeiro dia, a ânsia de pegar uma cor e o vento que soprava forte me levaram a acreditar que não era necessário protetor solar. Obviamente eu estava enganada e as marcas vermelhas se espalharam por meu corpo. No dia seguinte, eu mal conseguia deitar de bruços, mas tive que subir novamente para tentar tirar um pouco do meu aspecto de lagartixa - metade de cada cor. Não dei muita sorte, pois, sozinha, não percebi que uma folha fazia sombra bem no meio das minhas costas e ganhei uma bela tatuagem de sol!

Este mesmo sol que foi ingrato comigo motivou alguns amigos a combinarem de passar um dia em Santa Cruz no final de semana. A cidade, conhecida por seu turismo para surfistas, fica próxima daqui e me ofereceria a oportunidade de tomar sol em um cenário mais gostoso do que o da laje e consertar o bronzeado: topei!

Pois então acordei cedo no sábado, vesti o biquini brasileiro que causaria menos impacto aos padrões gringos, e fui. Na mochila eu coloquei um casaco e uma calça jeans, pois a verdade é que o sol não estava nem perto de brilhar e a Califórnia já não me engana mais. Pegamos até um pouco de chuva na estrada, mas isso não evitou que os meninos quisessem surfar ao chegar lá. No caminho para deixá-los no ponto com as melhores ondas, nós meninas vimos uma praia com muitas redes de vôlei e resolvemos que era esse o passatempo que nos divertiria, uma vez que o sol não estava colaborando.

Eles alugaram a prancha e nós combinamos de nos encontrarmos novamente no mesmo lugar dentro de 3 horas. Comecei a dirigir em direção à praia que tínhamos visto antes e, uma hora depois, ainda não tinha conseguido encontrá-la novamente. Perdidas e vendo o tempo correr, encostamos em uma outra praia, onde havia apenas 2 ou 3 redes e algumas famílias de mexicanos, e resolvemos que era melhor pararmos o carro ali mesmo e não perder mais tempo.

Éramos três meninas e vimos três meninos jogando entre eles: todos do Alabama e soldados do exército curtindo as férias na Golden Coast. Eles nos convidaram para formar times e jogarmos juntos e foi assim que começou o show........ de horrores! Uma pior do que a outra assistindo os esforçados darem peixinho e comer areia para salvar a bola. Notando a tensão que se formava, propusemos trocar para vôlei câmbio e sem compromisso, mas, mesmo assim, não tivemos sucesso. Alguns minutos depois chegaram outros três amigos deles e nós saímos pela tangente, sem nem nos despedirmos, e com uma certa vergonha pela performance.

A essa altura o sol já estava um pouco mais convidativo e nos sentamos na areia para curtir um pouco a praia e jogar conversa fora. Quando nos demos conta, tínham se passado 3h40 minutos desde que estávamos sozinhas e era hora de voltar para buscar o resto da turma. No pára-brisa do nosso carro encontramos uma multa por estacionar em local proibido. No local combinado para buscá-los, encontramos amigos bicudos, famintos e com frio, plantados há uma hora no estacionamento. Fomos almoçar juntos e, quando o trauma passou, combinamos de jogar poker à noite. Já que o cenário californiano não estava convincente, era hora de tentarmos trazer Nevada para cá!


Definitivamente, esse não parecia ser meu sábado de sorte e eu perdi as minhas 5 pratas com menos de uma hora de jogo e passei o resto da noite dando pitaco no jogo alheio. Quando o relógio bateu 3h30 da manhã, todos estavam esgotados com o longo dia e resolvemos recolher as fichas e encerrar a noite. Antes de voltar ao carro, ainda pegamos o violão e cantamos "California Dreaming", em coro separado de vozes masculinas e femininas. Afinal.... o clima pode não corresponder ao da Califórnia dos sonhos, mas, ainda assim, was "such a winters day".


Comentários

  1. Um dia você pode postar algo que tenha dado tudo certo, apesar de não ser engraçado pelo menos poderíamos ver como isto pode ser possível.
    Até você voltar sua tatuagem e as cores já devem ter desaparecido, como foi o caso do seu R$.
    Te admiro muito pelos seus bem feitos textos.
    Beijos
    Tia Di

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  2. Viu só, como anônimo ele vai....beijos

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  3. Adorei! Continuo buscando o California dreaming

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