Manifestações estudantis

Ao sair para ir para a escola essa manhã, notei que havia muitos carabineiros nas ruas de Santiago. No entanto, ao longo do meu caminho, sempre passo pelos principais pontos de reunião de estudantes para início de manifestações contra o sistema de educação vigente e não vi nenhum outro sinal de que um protesto estava para começar. Pura sorte!

Pouco depois de chegar na escola, começamos a ouvir barulho vindo das ruas e, quando olhamos pela janela, vimos policiais, enormes viaturas e pessoas fugindo do protesto. 



Na verdade, os transeuntes fugiam é da repressão ao protesto. Aqui no Chile é necessário pedir permissão ao Governo para fazer uma manifestação, para que o Estado possa organizar um esquema de segurança compatível. No entanto, este pedido é negado quando os estudantes e professores pedem autorização para marchar contra o sistema de educação (imposto na época do Pinochet) e contra a atitude do próprio Governo, que não atende às suas reivindicações com a reforma que está sendo proposta.

A marcha começou na Praça Itália, que fica no mesmo quarteirão que a Coined. Para reprimí-los, a polícia usou jatos de água e gás lacrimogêneo - este, em pouco tempo, entrou pela nossa janela e nos obrigou a mudar de sala pra continuar a aula. Na hora do almoço as pessoas já tinham se dispersado, mas o choque ainda estava lá.

Isso porque uma outra manifestação estava marcada para acontecer às 18h30, no mesmo local - tudo isso organizado e reforçado via Facebook. Com medo do que se estava por vir e ciente que sobra pra todo mundo, a população tratou de ir pra casa mais cedo. Às 16h30, quando eu voltava pra casa, o ar ainda fazer os olhos arderem; as calçadas estavam vazias (sem pedestres ou ambulantes), os comércios fechados e as ruas sem carros. Algo muito atípico para o horário!! Pareca o Brasil em dia de jogo da seleção.





Sem ter loja pra entrar, carro pra esperar passar e gente pra desviar, cheguei em casa rapidinho. 
Por sinal, antes que me perguntem o que eu fazia na rua enquanto os santiaguinos se escondiam em casa, a resposta é: eu sabia a hora que ia começar o outro protesto e que a marcha seguiria pro sentido oposto ao mesmo. Meu professor é super engajado e me informou de tudo. Sobrou tempo pra chegar em casa.

Falei há pouco com um amigo que mora perto da escola e ele disse que está mesmo rolando a "segunda edição" agora, o que significa que é dia de ficar em casa. Afinal, o que é uma luta para os estudantes e professores, é uma guerra para a polícia.

Comentários

  1. Amanda,

    Continue escrevendo. Estou adorando ler o blog.

    beijos
    Leonardo Contadini

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  2. Cuidado ai em menina volta inteira. Adorei essa "matéria"

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