Patinando na América

Ver um rapaz andando de patins na rua fez meu coração bater mais forte e meus olhinhos brilharem. Não pelo moço, de quem nem vi o rosto, mas pela grande ideia fixa que se formou na minha cabeça naquele momento: comprar um par de patins. Uma diversão garantida, barata e que ainda ajudaria a queimar calorias. Fora isso, moro perto da marina de Berkeley, lugar onde tenho ido correr de vez em quando e que agora eu poderia passar a frequentar para patinar nos dias de sol que estão cada vez mais constantes aqui na Califórnia.

Tudo parecia perfeito e então fui atrás de materializar o sonho. Comecei bem... caminhando 4km até chegar à Target mais próxima de casa para comprar o tal brinquedo. O ruim não foi a ida, mas a volta, com a caixa "levinha" em uma mão e mais não sei quantos quilos de carne, frango e peixe e uma balança (para medir os resultados, óbvio!)  nas outras sacolas e na mochila. Sim.... tinha ônibus e eu o peguei, porém precisei andar uns 20 minutos, cruzar uma passarela sem fim e apoiar tudo no chão pra redistribuir o peso não sei quantas vezes até chegar ao ponto mais próximo do supermercado.

No dia seguinte eu acordei com todo o ânimo do mundo e fui estreiá-los. Na minha cabeça, seria fácil relembrar e pegar a prática outra vez, mas mesmo assim achei melhor ficar só nos arredores de casa. Ainda bem!! Mal comecei a deslizar e já tomei o primeiro tombo. Não me acanhei e insisti, até cair mais duas vezes em cima do mesmo lado da bunda e do joelho. E como todos os machucados doem mais depois que você olha pra eles, fiquei uns quatro dias sentando só em cima o lado esquerdo e criando coragem pra sair com os patins outra vez.

A segunda experiência foi diferente apenas porque agora eu já estava mais preparada, usando duas calças, moleton grosso e a luvinha da academia pra não ralar as mãos (ainda não consegui encontrar a proteção de joelho pra passear por aí vestida de robocop). Óbvio que eu ganhei mais confiança, mas cai do mesmo jeito e sobre o mesmo lado direito e me dei conta que, na verdade, eu nunca aprendi realmente a frear os patins. Quando criança, eu andava sobre o meu super SBCX amarelo fluorescente só no prédio e sempre tinha uma parede próxima para me escorar. Aqui, por enquanto, estou me segurando nos carros, pois ainda não descobri técnica melhor.

O problema é que as ruas que têm asfalto mais lisinho são levemente inclinadas. E vou te contar que pra baixo todo santo ajuda, mas nenhum segura. Hoje mesmo eu levei um retrovisor de uma picape embora! Lamentei bastante, mas não tive escolha..... era o objeto que estava mais próximo das minhas mãos antes de eu chegar no cruzamento!

Uma coisa que eu acho curiosa é que ninguém aqui dá risada quando eu caio. Já enquanto estou de pé, vejo um monte de gente sorrindo pra mim e dizendo: "beginner?? be careful!" Outro dia um tiozinho me abordou contando que era designer de capacetes, mas como eu estava na descida, não consegui nem desviar o olhar e muito menos parar pra conversar e saber se ele me daria um cupom de desconto. Acho que eles me vêem mais ou menos assim:


Pelo visto, a minha ideia de ir pra Marina patinar vai demorar um pouco até se concretizar. Andar de patins levando o Nestor pra passear em Ibiúna então.... aparentemente impossível. Mas vou insistir mais um tanto (sou brasileira e não desisto QUASE nunca) e, se a banda direita permanecer roxa por mais muito tempo, os coloco à venda no eBay e compro um wii Fit pra garantir a diversão indoor e indolor.

Comentários

  1. Oi querida,como sempre suas postagens são gostosamente divertidas, fico imaginando seus tombos, os retrovisores, as descidas....mas, cuidado com os tombos e machucados, podem ser graves e você se machucar muito, take care...No mais, fico na expectativa de novidades. Muito beijos a você e divirta-se da melhor forma que puder.

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