Cajon del Maipo - planos pra que te quero?
Quando se está longe de casa, é necessário planejar bem os passeios a serem feitos, pois, na maioria das vezes, faltam dias e sobram lugares para se visitar.
No último final de semana, pensávamos em visitar Isla Negra, onde há uma das casas de Pablo Neruda. Era noite de sábado e, enquanto olhávamos os horários de partidas de ônibus, uma amiga da residência comentou que iria com seu "rolinho" para Cajon del Maipo na manhã seguinte.
Por curiosidade, resolvemos dar um Google no nome desse lugar, que ainda era desconhecido. As fotos e informações encontradas nos fizeram mudar de ideia aos 45 minutos do segundo tempo e reprogramar o passeio do dia seguinte, seguindo os passos do casal.
Para ir a Cajon del Maipo é necessário pegar um ônibus intermunicipal na rodoviária de Santiago e andar nele por cerca de 1h45. Cientes da distância, nos programamos para sair do hostel às 8hs da manhã.
O atraso é tão óbvio que nem precisa ser mencionado.... chegamos à rodoviária por volta de 10h30 da manhã e fomos informados que devíamos descer no povoado de San José.
No ônibus havia o panfleto de um passeio em um veículo 4x4 para a neve e para as lagunillas e resolvemos
que essa seria a melhor opção. O motorista do jipe, chamado Juan, nos informou que poderíamos encontrá-lo na rodoviária de San José e ressaltou: "Por aqui, todos me conhecem". Senti firmeza!
Uma hora e quarenta minutos de cochilo depois, acordei e dei de cara com uma paisagem incrível! O ônibus estava lotado de gente que parecia estar indo fazer picnic no parque e tinha também alguns meninos ainda bêbados da noite anterior. Acordei minha amiga, que também ficou embasbacada com o que via - estávamos no pé da cordilheira dos Andes - e agora era só esperar o ônibus parar na rodoviária para aproveitarmos tudo aquilo. Estávamos muito animadas!
Pouco tempo depois, o motorista parou em frente a um supermercado em San José, onde desceram algumas pessoas. Nesse momento, ligamos nosso alerta, pois imaginamos que nosso ponto estava próximo. Foi então que o povoado acabou e entramos novamente na estrada..... aquela era a rodoviária mencionada por Juan! Como sabíamos que o nosso ônibus terminaria seu trajeto em San Gabriel e tínhamos ouvido que esta também era uma cidade turística, resolvemos esticar até lá.
Éramos quatro amigos viajando e, cerca de 30 minutos depois disso, o Leo cravou: "preciso urgentemente ir ao banheiro. Vou descer no próximo ponto". Não podíamos deixá-lo sozinho na estrada, então descemos todos na frente de posto dos Carabineiros de Chile e pedimos para usar o banheiro dos policiais. Muito atenciosos, eles nos deixaram entrar lá e depois nos deram informações de como chegar a San Gabriel: "O ônibus passará novamente em uma hora, mas a maioria das pessoas segue caminhando mesmo. São cerca de 18km de distância pela estrada. Vcs tb podem voltar para San José, que está a 20km daqui.... não há muito o que fazer aqui onde estamos".
Nos desesperamos por uns minutos, mas logo vimos um ônibus que voltaria a San José e decidimos que o melhor seria ir pra lá e procurar pelo Juan. Nessa hora, soubemos que outros dois amigos tinham saído de Santiago para nos encontrar em Cajon del Maipo.
Mais trinta minutinhos e estávamos de volta ao supermercado/rodoviária de San José..... e com uma fome lascada! Para esperar os dois que estávam na estrada, fomos almoçar. Eu escolhi um prato leve: suco de framboesa e lomo a lo pobre - carne de vaca, dois ovos fritos, batatas fritas e arroz. Depois disso, eu poderia ir rolando até San Gabriel ou qualquer outro lugar! Mas valeu a pena, foi a primeira vez que comi bem de verdade desde que cheguei no Chile.
Depois de comermos, nos demos conta que San José era uma micro-cidade e que valeria mais a pena arriscarmos ir a San Gabriel mesmo. Encontramos com os outros dois amigos e seguimos pra lá. Agora estava tudo certo e todos juntos no mesmo ônibus!
Trinta minutos depois, o senhor que estava sentado perto de nós fez sinal para que o motorista parasse o ônibus, pois ele iria descer em San Gabriel. Sábios que somos, nós fomos atrás! Uma vez que o ônibus partiu, olhamos em volta e reconhecemos a paisagem: estávamos em frente ao posto de Carabineiros de Chile outra vez!! Já era tarde e o Juan estava com um grupo de turistas fazendo o passeio para as lagunillas. Se esperássemos uma hora até o ônibus seguinte, já ficaria impossível pra fazermos alguma coisa em San Gabriel e, ali, não havia nenhuma opção. Enfim: fomos ao banheiro do posto policial pela segunda vez e começamos a caminhar por uma ruazinha de terra para matar tempo. A australiana que estava com a gente foi mais radical e deitou na grama, no canteiro do posto policial. Quase morremos de vergonha alheia!!!!
Nesse momento, avistei um rapaz num táxi e resolvi bater um papo com ele. Pablo, 21 anos e pai de um garotinho de 1 ano, estava de bobeira no seu carro, ouvindo música em uma tarde de domingo, quando recebeu uma proposta: colocar 6 brasileiros em um carro do tamanho de um Corsa Sedan e levá-los para a montanha por R$80,00. Ele topou e os amigos também!
Realmente, não havia nada para se fazer por lá, mas era um lugar maravilhoso.... do tipo que não se cansa de olhar! Rodamos com Pablito por cerca de 3 horas e paramos mil vezes para tirar fotos.
Foi inesquecível!! Não há como descrever o quanto gostamos desse lugar. A única coisa que pode ilustrar é dizer que planejamos voltar para lá nesse sábado, dessa vez para descer no ponto certo e visitar as famosas lagunillas. Afinal de contas, mesmo com tudo tendo dado "errado", foi uma delícia!
PS - na volta, vi a Lorraine - a menina que conheci no avião - no metrô. Pensei em cumprimentá-la, mas antes fui fazer a piada da quiche.... ninguém entendeu e ela desceu do vagão antes que eu terminasse de explicar (e acabar com) a suposta graça.
Sempre há um Gabriel, mas dessa vez era santo, hehehe.
ResponderExcluir