Hawaii sem glamour


Não, eu não desisti do blog. Mas essa vida de estudante cansa, sabia?
Primeiro eu estava aqui em Berkeley, ocupada e preocupada com a prova de finanças. Depois, pra relaxar um pouco dessa vida cheia de números, fui curtir uma praia no Hawaii. Logo em seguida comecei a correr pra comprar presentes e quitutes pro Natal e então meus pais chegaram para fazermos uma road trip pela costa da Califórnia.
UFA! Acho que preciso de férias das férias.... por isso que comecei a trabalhar: um estágio no hotel Saint Regis, em San Francisco, na área de recursos humanos.
Enfim..... reconheço que é uma vergonha que uma jornalista tenha demorado tanto pra atualizar um blog, ainda mais porque a internet é supostamente uma ferramenta pra narrar quase a vida em tempo real, mas vamos dizer que resolvi fazer uma edição especial de fim de ano, com retrospectiva das melhores histórias.

Então voltarei um pouco no tempo: sejam bem vindos ao Hawaii. Aí você pensa: muito sol,  ondas gigantes, bares à beira da praia com música hula-hula de fundo, meninas usando biquínis feitos com a casca do coco e surfistas bonitões.  Mas eu disse Hawaii, e não uma produção de Hollywood. Isso quer dizer que o cenário inclui chuva, ondas pequenas, uma cidade que está às moscas depois das 11 da noite e chineses aos montes. Foi pra esse Hawaii que eu fui com duas amigas pra passar uma semana e visitar as ilhas de Oahu e Maui.

A paisagem me surpreendeu pela semelhança com a brasileira. Se você reparar bem, as árvores e flores de Ubatuba não perdem em nada pra essas aqui. Outra coisa que eu não esperava era encontrar uma cidade tão urbanizada.  Honolulu, capital do Hawaii, é como qualquer outra metrópole e tem lojas como Salvatore Ferragamo, Gucci, Prada e outras grandes grifes em sua avenida principal. Elas estão misturadas aos restaurantes de rede americanos, como Hard Rock Cafe, Cheesecake Factory, Subway e Burger King. Aqui também não tem essa de encontrar barraquinha na praia pra comer pastel e muito menos homens vestidos de teletubies oferecendo algodão doce. Se quiser comer enquanto toma sol, tem que levar sua Pringles dentro da bolsa de praia (eu não aguento mais ver Pringles na minha frente depois dessa viagem!)

Já Maui é um pouco menos desenvolvida e mais charmosa e pode ser comparada com Parati. Lá eu fiz um delicioso passeio de catamarã e fui mergulhar em uma cratera chamada Molokini, o que foi uma experiência maravilhosa. Também conhecemos algumas praias tranquilas e vimos um incrível por do sol.

Mas a tudo isso é fácil se adaptar e eu diria que a única coisa que você realmente precisa saber antes de ir pro Hawaii é: alugue um carro com antecedência. Aliás, acho que eu deveria repetir esse mantra umas 50 vezes só para garantir que vocês acreditem em mim. Faça isso alguns dias antes de partir e você pode até dar bastante sorte, como um amigo fez reserva de um carro econômico na Enterprise e acabou levando um Chevrolet HHR (um tipo de PT Cruiser). Para um outro as coisas ficaram ainda melhor e, por 30 dólares, ele ficou com um Mustang.

Já com a gente, a história foi um pouco diferente.... fizemos reserva antecipada de carro apenas para Maui, porque o guia de viagens dizia que dava pra se locomover em Oahu apenas de ônibus, o que descobrimos lá que não era verdade. Escolhemos também um veículo econômico e foi exatamente isso o que conseguimos: um Chevrolet Cobalt. Mas não era um qualquer, era o único remanescente no pátio da locadora, cor amarelo ovo! Chegávamos no estacionamento da praia e notávamos que todo mundo parava pra olhar pra gente. E quando o ego começava a inflar, víamos aquele sorriso escapando do rosto alheio... era só tiração de sarro por causa do nosso chamativo possante.


Mas acredite: esse foi o melhor carro que tivemos em toda a viagem. Quando descobrimos que precisaríamos de um carro para andarmos por Oahu, resolvemos fazer uma pesquisa na internet e o valor do orçamento estava absurdo e incompatível com o que todos estavam pagando por um veículo econômico, chegando a 140 doláres por dia. Foi então que fomos apresentados à locadora VIP, onde escolhemos alugar um sedã pagando cerca de 50 dólares a diária. Quando eu vi o sedã, quase desisti do negócio da China.... Era um Kia com 140 mil milhas rodadas, aproximadamente ano 1995, e que fazia um barulho assustador todas as vezes em que virávamos o volante pro lado esquerdo. E foi com ele que fomos conhecer o Centro de Cultura da Polinésia, que ficava há cerca de 1h20 do nosso hotel. Depois de vermos todos os show possíveis e sem graças, saímos do centro e entramos em um estacionamento onde havia uma loja da Pizza Hut aberta. Podíamos escolher qualquer vaga para parar o carro, pois o lugar estava vazio, mas preferimos ser certeiras: paramos naquela em que tinha um prego e furamos o nosso pneu. Quando vi a situação, falei pras meninas: "vou começar a fazer o trabalho e alguém irá se sensibilizar e vai aparecer pra ajudar". Não deu outra... mal eu tirei o tapete do porta-malas e um moço ofereceu socorro. Ele tentava nos acalmar e ser simpático por todo o tempo (e nem tinha segundas intenções, pois estava lá com a sua namorada). O seu humor só mudou quando ele disse pra minha amiga chilena: 
- "Não se preocupe que a locadora não irá te cobrar nada a mais por esse incidente"
E ela respondeu: "Você fala isso porque não viu o lugar onde alugamos isso. O atendente é um típico cara do oriente médio, que faz de tudo para arrancar dinheiro de você e que não tem nenhuma educação, sabe?"
E a resposta foi: "Eu sou do oriente médio".

Enfim.... ele terminou o serviço e na manhã seguinte fomos trocar o nosso carro por algum outro, para que o pneu fosse reparado e nós pudéssemos passear mesmo assim. Foi então que nos ofereceram um jipe, que tinha capota apenas sobre o banco da frente e essa ainda tinha um furo por onde se criava uma goteira (muito conveniente para um lugar onde chove todo o tempo). Esse era ainda mais antigo, com 178 mil milhas rodadas, mas pelo menos tinha um ar praiano e era divertido de dirigir.


Mas como ele estava sempre aberto, resolvemos voltar à locadora no nosso último dia para recuperar o tal Kia e nos protegermos contra a chuva e roubos. No entanto, quando chegamos lá, o carro tinha acabado de ser alugado por um outro desavisado. 

Mas como o cliente tem sempre razão, o rapaz do oriente médio nos ofereceu uma van, que viemos a descobrir que era o seu próprio carro. Esse estava um pouco mais inteiro, mas tinha o cheiro daquele homem impregnado em todos os bancos: nojento!! Para aliviar a situação, eu abria o vidro e deixava o carro ventilar. Aí começava a chover e o vidro emperrava e simplesmente não subia. Um fiasco! Afinal... Se era pra tomar chuva, era melhor manter o jipe descolado.


Não fosse o bastante, o rapaz do oriente médio pegou o nosso telefone da ficha de clientes e ligou pra minha amiga perguntando o que faríamos de noite. Com muita educação, a chilena desligou na cara dele.

Enfim.... foi com todo esse glamour que eu conheci o Hawaii! Mas pelo menos tomei um solzinho, esqueci das swaps e rates de finanças e vi arco-íris no céu todos os dias =)


Comentários

  1. Oi Amandinha, to rindo ate agora do cara q te ajudou a trocar o pneu kkkkk tem q dar esses foras p/ a viagem ser inesquecivel! Bjao, Leticia

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  2. Oi querida, que bom que continua com suas estórias sempre bem escritas e divertidas. Aproveite bastante, mesmo que seja com os inconvenientes que aparecem. Beijos

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